quarta-feira, 1 de outubro de 2014

....O DENDEZEIRO.....

Que outro vegetal pode ser mais importante para nosso contexto religioso que o dendezeiro?
Creio que podem existir outros tão importantes quanto ele, mas nenhum mais importante do que ele.
Das suas folhas fazem-se as franjas do mariwo, cortinas sagradas que têm por finalidade resguardar e separar o sagrado do profano.
De seus frutos extrai-se o óleo de palma, conhecido no Brasil como “azeite de dendê”, no Caribe como “manteca de corojo”, entre os Yorubas como “epo pupa” e entre todos os iniciados como "sangue vegetal".

Retirada a polpa de seus frutos, de onde se obtém o azeite, resta uma semente, pequeno caroço no interior do qual se encontra um coquinho do qual se extrai um óleo finíssimo denominado “óleo de palmiche”, conhecido em yorubá pelo nome de “ADIN”.
Este óleo seria a maior interdição de Exu e sua grande “EWÓ ou KISILA”.
Não bastassem os diferentes produtos que nos é fornecido por esta árvore, devemos nos reportar aos seus significados mais profundos.

O dendezeiro é a árvore sagrada de Ifá e é de seus frutos que se obtêm os negros caroços que, depois de ritualisticamente consagrados, irão representar ORUNMILÁ em seus assentamentos, além de servirem para as consultas ao oráculo de Ifá onde o próprio Orunmilá é contatado por seus sacerdotes, os BABALAWÔS. Aos caroços assim consagrados dá-se o nome de “IKIN”.









Somente os “coquinhos” que possuam quatro “olhos” ou mais servem para esta finalidade, sendo que aqueles que possuem apenas três olhos não devem ser usados para este fim.

Sabemos da existência de escolas que utilizam indiscriminadamente os caroços, independente da quantidade de olhos que possuam, mas não é meu objetivo questionar a validade deste fato na presente mensagem.

O que importa é deixar claro que, classificado cientificamente como "Elaeis Guineensis", pertencente a família das "palmáceas", este vegetal possui ainda duas variações que são a "communis" e a "idolátrica".
A primeira, “comum”, é a mais utilizada na cultura deste vegetal, por produzir, em maior quantidade, frutos maiores e que atendem melhor ao objetivo da produção de mais óleo.
A variedade “idolátrica” produz frutos menores e, por este motivo não é cultivada como sua irmã “comum”, mas é ela que produz as sementes de quatro ou mais olhos o que não ocorre em relação à espécie comum, que pode, ocasional e muito raramente oferecer-nos um caroço de quatro olhos entre milhares de três, e isto é uma exceção dificílima de ocorrer.
Esta diferença sempre foi conhecida pelos africanos que dão, ás duas espécies, nomes diferentes.

Segundo Verger, a variedade “communis” é conhecida pelos YORUBÁ pelos seguintes nomes:
OPÈ PÁNKÓRÓ; ÌPÁNKÓRÓ; OPÈ ARÙNFÓ; OPÈ ÉRÚWA; OPÈ ALÁRÙN; OPÈ ELÉRAN; OPÈ ÒRÙWÁ, ETC.
A VARIEDADE “IDOLÁTRICA” É CONHECIDA COMO: OPÈ, OPÈ IFÁ, OPÈ OLÍFÀ, OPÈ KIN; OPÈ IKIN; OPÈ YÁAÀYÀLA; OPÈ PEKU PE YE; OPÈ KANNAKÁNNÁ E OPÈ TÉMÉRÉ ERÉKÈ ADÓ.

A questão é a que se segue: será que existem, no Brasil, pés da variedade idolátrica?
Será que se conseguem mudas da mesma?
Qualquer informação será de grande utilidade para todos pois é nossa obrigação conservarmos a palmeira sagrada do dendezeiro.

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