domingo, 25 de setembro de 2022

Ọ̀SÁNYÌN, O INTROVERTIDO


Dos vegetais fazemos roupas para vestir, comidas para alimentar, remédios curar, fogo para aquecer e erguemos casas para abrigar. As folhas embelezam a vida, emprestam sombra, oferecem ar puro.Embrenhado na floresta mora Ọ̀sányìn. Com as folhas convive e com elas se mistura. Já não se sabe mais se Ọ̀sányìn é a folha, ou a folha que é ele. Ọ̀sányìn tem uma perna só, assim como o tronco das árvores.
Frágil, mas forte; simples, mas poderoso; introvertido, mas reconhecido. Na descrição milenar: “Tem o fígado mais frágil que o de uma mosca, mas é mais forte que uma barra de ferro”. Ọ̀sányìn é dual.
Dono de todas as folhas, sabe todas as suas manhas. Domina toda a sua arte. Conhece seus elementos, sabe seu sexo. As reconhece pelo odor, cor, textura, paladar. Sabe a lua para colher, o lado certo para pegar e a hora em que estão disponíveis. Ọ̀sányìn as chama pelo nome e elas atendem.
Para conhecer Ọ̀sányìn, é preciso olhar a folha e conseguir enxergá-la. É preciso tocar a folha e conseguir sentí-la.
Ọ̀sányìn não gosta de visitas. O mateiro que adentra a floresta; antes, deve lhe pedir licença. Quem arranca uma folha; antes, deve lhe pedir licença. Sem a folha nada se faz. Sem Ọ̀sányìn não existe Candomblé: “Kò sí ewé, Kò sí Òrìṣà” (Sem folha, não há Òrìṣà).
No ritual das folhas, o Sàsányìn, Ọ̀sányìn é invocado. Ele encanta as folhas. A folha não é mais folha, é remédio. Ọ̀sányìn não é mais Ọ̀sányìn, é a cura. Ewé, o! (Oh, a Folha!).

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