domingo, 14 de dezembro de 2014

ÒKÒ










Muito pouco se conhece de certos Orixás, pois os mesmos não receberam a real importância, quando aqui aportaram, se tornaram conhecidos por intermédio de nossos irmãos de Mãe África. Um desses Orixás é Òkò.
Primordialmente cultuado às margens do alto Niger, este Orixá traz em seu culto uma singularidade: o arar da terra e a fertilidade.
Tendo no Brasil, o crescimento da cultura de Omolu e Obaluaiyê, esse Orixá praticamente caiu no esquecimento, tendo-se perdido muito de seus rituais e culto. Contudo, por intermédio de Itãs, a nós narrados pelo povo Hauçá, chegamos a dois deles, que bem explicam a importância deste Orixá ao culto do Candomblé.
“Em terras inférteis, onde nada crescia, Òkò batia seu cajado, e como se brotasse do chão uma mina d’água, crescia ali, uma variedade imensa de frutas, legumes e verduras. Ao chegar em Ondo, Ogun lhe pede que ele faça nascer no solo de sua aldeia, um fruto da terra, que ele pudesse ofertar como presente a Akoró, que era uma jovem muito valente, mas que se encontrava enfermo. Ogun queria uma raiz, que o curasse, pois Akoró era um nobre guerreiro, muito ligado à Inà e Odé.
Òkò toca o solo da aldeia de Ogun, e como mágica, brota de sua terra iṣu (Inhame), que cresce em fartura nas terras de Ogun, e que o mesmo, junto com seus irmãos de aldeia, colhem e levam até Akoró.”
Outro Itã, que nos fala da fertilidade da terra, é ligado à fertilidade paterna/materna, que nos ensina a necessidade do preparo no Orun, para que sejamos grande pais/mães no Aiyè.
Okó diz, que quando uma mulher não pode gerar filhos, ela tem outras obrigações ligadas ao amor. Ela necessita abrir seu coração e ajudar as mães, que com múltiplos filhos, não conseguem cuidar dos mesmos, sozinhas. E, assim sendo, as inférteis recebem o perdão de Okó( na visão Hauçá, as inférteis são mulheres, que em outras vidas mataram, abortaram ou desprezaram seus filhos, e como consequência, nascem com seus úteros “secos”), pois elas passam a ser amas de alma dos filhos de sua irmãs de aldeia, e ajudando-as com suas crianças, nas próximas vidas, terão o direito de voltar ao Ayiê com seus úteros repletos de luz, e assim consequentemente, usinas geradoras de múltiplas vidas, povoando a terra de alegria e axé.

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