domingo, 12 de dezembro de 2021

EXU MIRIM


Os Exus Mirins são Seres Encantados de uma Dimensão à Esquerda da nossa. Eles não são humanos.
Na respectiva Dimensão, algum deles são seres infantis.
Mas os que se manifestam nos Trabalhos Religiosos de Umbanda já trazem da sua Dimensão um nível de evolução diferenciado. Além disso, também são preparados para vir, até obterem a licença do Divino Criador e dos Sagrados Orixás que os amparam nesse trabalho junto à nossa humanidade.
Exu, Pombagira e Exu Mirim formam o triângulo de forças à Esquerda da Umbanda.
Exu Mirim e Pombagira Mirim NÃO são filhos de Exu e de Pombagira. São arquétipos adotados pela Umbanda para englobar numa só Linha de Trabalhos Espirituais todos os Seres Encantados das Dimensões da Vida à nossa Esquerda, pois estamos ligados mentalmente a eles por meio de cordões energéticos. Em decorrência desta ligação mental, ou nos mantemos em equilíbrio com eles, ou somos afetados de forma acentuada.
Exu Mirim é um dos Mistérios que a Umbanda buscou e incorporou, em sua fundamentação Divina.
A Criação Divina é infinita em todos os sentidos, inclusive nas funções Divinas exercidas pelos seres. Deus não criou nada ou ninguém que não tivesse sua função na Criação.
Nós, espíritos humanos, estamos ligados mentalmente a um Exu Mirim, à nossa esquerda, por um cordão energético invisível aos nossos olhos materiais, mas não à visão superior do espírito.
Também estamos ligados a outras espécies de Seres Encantados e Naturais, assim como a espécies de animais, aves, répteis, plantas etc.
Temos uma ligação mental com cada Dimensão da Vida. Se ela for equilibrada, isso nos beneficia; mas se for desequilibrada, nos prejudica.
Nossas ligações mentais com outros seres e espécies visam a nos manter em equilíbrio com toda a Criação, pois no Corpo de Deus somos só uma “célula”, uma consciência, e nada mais. Além disso, elas nos mantêm amparados por toda a Criação e, ao mesmo tempo, nos impulsionam a viver de forma harmônica com outros seres e espécies.
Certos desvios de personalidade tratados pelas ciências médicas, certas alterações de humor, certos comportamentos anti-sociais, certos fanatismos etc., têm a ver com desequilíbrios existentes com os seres na outra ponta das nossas ligações mentais, espirituais e conscienciais.
O desequilíbrio com os Seres Encantados da Direita, englobados no arquétipo Eres (Crianças), gera uma série de transformações em nossa consciência e em nossos comportamentos.
O desequilíbrio com os Seres Encantados da Esquerda, englobados no arquétipo Exu Mirim, gera uma alteração comportamental e consciencial de caráter, de humor e emocional tão intensa que a pessoa começa a regredir e fecha-se em si mesma.
Tendo Exu Mirim (à Esquerda) e os Erês (à Direita) em equilíbrio conosco, isto faz com que sejamos alegres, dispostos, de bom humor, falantes e sonhadores.
Ao contrário, estando em desequilíbrio com um deles ou com ambos, nos tornamos taciturnos, melancólicos, irritados, cabisbaixos, isolacionistas, sem iniciativas e sem criatividade; sentimo-nos velhos e sem ânimo para mais nada. Alguns negativismos afloram em nós: avareza, mesquinhez, egoísmo, irritabilidades à flor da pele, incapacidade de raciocinar coisas novas, intolerância com crianças etc.
Por um lado, tais ligações existem e não podem ser rompidas. Por outro, os Seres Encantados são portadores de poderes excepcionais que, doutrinados de forma correta, muito nos auxiliam. Então, a Umbanda optou por incorporá-los à Direita (os Erês) e à Esquerda (os Exus Mirins e as Pombagiras Mirins).
A Umbanda só adotou arquétipos que pré-existem em outras Dimensões da Vida e estão fundamentados em “raças espirituais” ou em mistérios religiosos.
Os Caboclos estão fundamentados no Mistério Guardião.
Os Pretos Velhos estão fundamentados no Mistério Ancião.
Os Erês estão fundamentados nos Seres Encantados das Dimensões da Vida à nossa Direita.
Os Exus estão fundamentados no Orixá Exu.
As Pombagiras estão fundamentadas no Mistério Orixá cujo nome em Iorubá não foi revelado- e que na Umbanda é chamado de Orixá e Mistério Pombagira-, que rege os desejos. [* Observação: Desejo no sentido de estímulo, de vontade de viver, vontade de fazer, vontade de alcançar objetivos etc.]
Já os Exus Mirins estão fundamentados nos Mistérios de um Orixá que rege os instintos “infantis”, cujo nome não foi revelado, e que na Umbanda denominamos de Orixá Exu Mirim.
Exus Mirins não são espíritos de “meninos maus”, como pensam alguns; assim como as Pombagiras e os Exus não são espíritos de ex-prostitutas e ex-bandidos.
Há poucos escritos que nos ensinem sobre o Orixá Exu Mirim ou que o fundamentem como Mistério Religioso. Isso deu margem a interpretações fantasiosas e até preconceituosas, levando muitos a acreditarem que os Exus Mirins seriam “espíritos de moleques de rua”, crianças mal-edu­cadas, encrenqueiras, “bocudas”, chulas etc. Esse desconhecimento acabou fazendo com que muitos dirigentes proibissem as manifestações de Exus Mirins.
Conforme esclarece RUBENS SARACENI, quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo surgiu uma Linha Espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos, humildes, respeitosos: a Linha das Crianças. Depois, começaram a se manifestar uns espíritos infantis briguentos, encrenqueiros, mal-educados e intrometidos. Quando inquiridos, eles se apresentavam como “Exus” mirins, os “Exus infantis” da Umbanda, numa equivalência com um Erê da Esquerda existente no Candomblé. E Exu Mirim assumiu “o arquétipo de menino mau”, que lhe atribuíam. Ninguém questionava sobre tão controvertida Entidade, pois ele dizia que todo médium tem na sua Esquerda um Exu Mirim, além de um Exu e uma Pomba Gira.
A partir da crença inicial de que os Exus Mirins eram “meninos maus”, as incorporações dessas Entidades eram exageradas e fantasiosas, pois os médiuns acreditavam que tinha de ser assim. Os Dirigentes não tinham conhecimento sobre tais Entidades e nem meios de esclarecer e controlar seus médiuns, passando a proibir tais manifestações. Na verdade, os Exus Mirins nada mais faziam do que extravasar os desvios íntimos daqueles médiuns, quando incorporavam.
Médiuns doutrinados e equilibrados incorporam Exus Mirins que realizam trabalhos de grande ajuda às pessoas. Quem precisa ser doutrinado é sempre o médium, e nunca as Entidades de Lei, que já vêm mais que preparadas para atuar entre nós...
Bom, se não havia escritos esclarecedores a respeito, pode-se perguntar por qual motivo os próprios Exus Mirins não explicavam quem eram e qual a sua função no Trabalho Religioso, para dar um fim naquela situação.
A questão é: começa que eles não são humanos, são Seres Encantados de uma Dimensão à Esquerda da Dimensão Humana. Então, como explicar a realidade da qual vinham, como responder às perguntas (que sempre ocorrem!) a respeito das suas características e “identidades”, uma vez que estavam começando a surgir em nosso meio e não havia parâmetros de comparação entre a nossa realidade e a deles, para tornar compreensíveis tais informações? Era quase impossível.
Então eles vinham e prestavam a ajuda que podiam, aceitando “o arquétipo de meninos maus” que lhes davam. Caso contrário, já teriam desaparecido do nosso convívio; e nem estaríamos aqui buscando refletir e compreender quem são os Exus Mirins e qual a sua função na Criação Divina...
Finalmente, não é demais ponderar que tudo vem ao seu tempo, conforme o nosso grau de amadurecimento, de entendimento e de merecimento perante o Astral Superior. Afinal, “desde que o mundo é mundo” (desde sempre!), Deus, as Divindades e os Mentores e Trabalhadores da Luz existem e atuam em nosso benefício; mas a nossa reflexão e compreensão a respeito disso começou há não muito tempo e a cada dia recebemos novas informações do Astral que ampliam o nosso entendimento sobre essas questões.
Se hoje temos a possibilidade de um estudo teológico na Umbanda, a compreensão dos fundamentos da religião nos ajuda a perceber que tudo corre para o nosso melhor, pois todas as manifestações que acontecem nos Trabalhos Espirituais de Umbanda têm o amparo do Divino Criador e para uma função específica, sempre voltada para auxiliar a nossa evolução e o despertar de uma consciência ampliada do Todo da Criação.
Mais recentemente, a Espiritualidade vem nos trazendo novos ensinamentos a respeito das Divindades e das Linhas de Trabalho da Umbanda, pela psicografia de Rubens Saraceni. E a partir do livro “Lendas da Criação”, Exu Mirim assumiu uma função e importância que antes des­conhecíamos.
Diz RUBENS SARACENI: “A função de Exu Mirim é a de fazer regredir todos os espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra a paz e a harmonia entre os seres. A sua importância está em que, sem Exu Mirim nada pode ser feito na Criação, sem a sua concordância. Com Exu, dizia-se que “sem Exu, não se faz nada”. Já com Exu Mirim, “sem ele, nem fazer nada é possível”.
Características de atuação dos Exus Mirins
Os Exus Mirins são conhecidos por suas habilidades magísticas de “desatar nós”, desembaraçando situações entravadas.
Atuam principalmente a partir das intenções negativas dos seres, nem sempre reveladas; reduzem a “nada” as intenções maldosas, aplicando o Mistério Divino de que são portadores.
Exu Mirim tem domínio sobre “o Nada”, isto é, sobre o estado anterior à manifestação das nossas idéias e intenções. Cumpre esta função na Criação para preservar a vida, a paz e a harmonia entre os seres, para o equilíbrio do Todo.
Quando alguém vem alimentando, em seu íntimo, planos e intenções maldosas contra outrem, mas ainda não tomou atitude alguma que possa revelar o que está arquitetando, essa maldade “intencionada” é captada pelo Orixá Exu Mirim, e as Entidades Exus Mirins são acionadas para cortar mal na origem.
Enquanto a pessoa não põe em prática seus pensamentos de vingança, de ódio, de traição ou de qualquer outra intenção maldosa e injusta, nada se pode perceber. Mas Exu Mirim atua sobre este “nada”, justamente para que não se realize a maldade, paralisando o ser mal intencionado.
Diz-se que Exu Mirim capta as intenções negativas e faz regredir os seres negativados e maldosos, mas isto precisa ser mais bem compreendido. A expressão “faz regredir” não pode ser tomada ao pé da letra. Não é que Exu Mirim faça regredir aquele ser negativo; o que ele faz é identificar quem é, de fato, aquele ser e colocá-lo no seu lugar de merecimento na Criação.
Pois uma criatura maldosa, invejosa e traiçoeira nem sempre aparenta ser assim. Parece “boazinha”, mas não é. Está entre pessoas de bom coração e desfrutando da sua confiança, mas não é como elas e não merece tal consideração. Então, esta pessoa de má índole receberá, mais dia menos dia, a atuação de Exu Mirim e será colocada onde merece estar.
Neste caso, a atuação de Exu Mirim é a de um Executor da Lei Divina; Lei que sempre nos ampara, mesmo que não o saibamos. Ao mesmo tempo, Exu Mirim estará protegendo a vítima daquelas intenções negativas, sempre que ela faça por merecer o amparo da Lei, e ainda que não suspeitasse do que estava sendo tramado contra ela.
Por outro aspecto, Exu Mirim também atua amparando os seres equilibrados e merecedores do amparo da Lei, desembaraçando entraves e dificuldades dos seus caminhos, para que os seus projetos bons, saudáveis e justos se concretizem.
Em tudo e por tudo, como se vê, na atuação de Exu Mirim está Presente a Mão do Criador, a nos direcionar e amparar; e, se necessário, a nos corrigir, para evitar nossa persistência no erro e consequências mais danosas à nossa evolução.
A irreverência ou má educação compo­r­tamental não é típica dos Exus Mirins na Dimensão onde vivem. São naturalmente irrequietos e curiosos, sim; mas nunca intrometidos ou desrespeitadores.
O que acontece é que os Exus Mirins são nossos refletores naturais. Eles refle­tem o inconsciente de seus médiuns, tal como acontece com Exu e Pomba Gira.
Se o médium não está centrado, ou se tiver crenças negativas a respeito dessas Entidades (acreditar que fazem o mal, que usam de vocabulário grosseiro, que são indisciplinadas etc.), tudo isso virá à tona no momento da incorporação, pois Exu Mirim também põe para fora o que está oculto no íntimo dos médiuns.
Os Exus Mirins não aprovam ser invocados para demandas e magias negativas contra pessoas. Quando um médium os ativa pa­ra prejudicar seus desafetos, seu Exu Mirim se enfraquece automaticamente; e pode ocorrer que um quiumba tome o seu lugar junto ao médium, gerando-lhe toda a sorte de problemas, até que esse médium se conscientize e se corrija.
Eles raramente pedem seus assentamen­tos ou firmezas permanentes, preferindo receber ofe­rendas periódicas na natureza, tal co­mo as Crianças da Direita.
Gostam de manipular as bebidas mais agradá­veis ao paladar dos seus médiuns, sejam elas alcoólicas ou não.
Apreciam frutas ácidas e doces “duros”, tais como: rapadura, pé de moleque, quebra-queixo, cocadas secas e balas “ardidas” (de menta ou hortelã).
FONTES DOUTRINÁRIAS: 1-O site do Colégio de Umbanda Pai Benedito de Aruanda; 2-Os livros: “Arquétipos da Umbanda”, 2007, páginas 135/138, e “Orixá Exu Mirim”, 2008, páginas 17/34, ambos de Rubens Saraceni, pela Editora Madras.
Nomes simbólicos: Os Exus Mirins se apresentam com nomes relacionados aos de Exus, só que no diminutivo. Exemplos: Exu Brasa/Exu Mirim Brasinha; Exu Porteira/ Mirim Porteirinha; Exu do Toco/Mirim Toquinho; Exu Calunga/Mirim Calunguinha; Exu Caveira/ Mirim Caveirinha; Exu Morcego/Mirim Morceguinho; Exu Sete Garfos/Mirim Sete Garfinhos; Exu Sete Chifres/Mirim Sete Chifrinhos; Exu Pimenta/Mirim Pimentinha; Exu Sete Coroas/Mirim Sete Coroinhas; Exu Cova/Mirim Covinha; Exu Veludo/Mirim Veludinho; Exu do Lodo/Mirim Lodinho; Exu da Praia/Mirim Prainha; Exu do Fogo/Exu Mirim Faísca ou Exu Mirim Foguinho; etc.
Saudação: Laroyê, Exu Mirim! Exu Mirim Modjubá!
Dia da semana: Não há um dia específico. A designação de um dia determinado pode estar relacionada com o Orixá que rege o campo de atuação da Entidade, em cada Terreiro.
Campo de atuação: Os Exus Mirins cortam intenções e atuações negativas que prejudiquem o equilíbrio da vida, a paz e a harmonia entre os seres; desembaraçam situações complicadas; promovem limpeza energética profunda; cortam magias negativas, principalmente as projeções mentais negativas. Alguns são curadores.
Ponto de força: No geral, as encruzilhadas. No particular, o ponto de força do Orixá Regente do seu campo específico, pois há Exus Mirins trabalhando sob a Irradiação de todos os Orixás.
Cor: Bicolor vermelho e preto.
Elementos de trabalho: Moedas; carrinhos de ferro; bonecos; brinquedos em geral; sementes; pedras; fitas, linhas e pembas pretas e vermelhas; velas bi colores preto/vermelho; ervas; sementes; pimentas; bebidas rituais.
Ervas:
1-Preferenciais: Casca de alho e de cebola; carapiá; laranja seca; limão; açoita cavalo; pinhão roxo; dandá (Fonte: Adriano Camargo.).
2-Outras:
Guiné – Quebra formas-pensamento baixas. Bom contra obsessões de natureza sexual. Ajuda na comunicação com os bons espíritos;
Limão (casca) – Queima os fluidos negativos e enfermiços;
Eucalipto– Desagrega as energias negativas e enfermiças; renova nossas energias e equilibra o emocional;
Cana-de-açúcar (palha e bagaço) – Dá força e vigor para se enfrentar as situações do dia a dia;
Canela– Condensador de fluidos benéficos; destrói miasmas astrais; afrodisíaco; atrai a prosperidade;
Absinto – Losna – Em banhos, ela desagrega fluidos negativos. Na defumação, afasta influência negativa;
Artemísia – Quebra as correntes de pensamentos negativos e traz proteção;
Bambu – Contra influências negativas;
Arruda – Ótimo protetor astral, desagrega larvas astrais e energias enfermiças. Quebra as formações energéticas negativas resultantes de acúmulos de pensamentos negativos e de atuações do baixo astral;
Alecrim– Desagrega energias enfermiças, limpa e purifica o ambiente, criando uma esfera de proteção; boa contra obsessão; afasta a tristeza;
Salsa – Para proteção, afasta a negatividade;
Poejo – Ótima para proteção e para acalmar os ânimos;
Pitanga (folhas) – Prosperidade e proteção;
Manjericão – Ótimo para tirar as energias negativas, trazer vida ao ambiente e às pessoas;
aumenta o magnetismo pessoal; atua contra a depressão e ansiedade;
Levante – Bom para proteção e abertura de caminhos.
Sementes: Olho de cabra e olho de boi.
Fumo/defumação: Manipulam charutos; cigarrilhas; fumos de ervas enroladas na palha ou queimados diretamente.
Pedras: Ágata Preta, Turmalina Preta, Mica Preta, Ônix, Vassoura da Bruxa, Quartzo Fumê.
Bebidas: Alguns Exus Mirins manipulam bebidas com teor alcoólico e adoçadas; outros só manipulam bebidas e sucos doces e sem álcool.
Exemplos de bebidas: Groselha; maracujá; guaraná; mel; pinga com mel; groselha com pinga; pinga com melado de cana; pinga com melado de rapadura. Observação: A erva alcaçuz também serve para adoçar as bebidas de Exu Mirim, conforme a orientação de ADRIANO CAMARGO.
Frutas: Maracujá, guaraná, manga, limão, laranja, goiaba vermelha, ameixa escura; frutas cítricas, bem com as escuras e azedas em geral.
Flores: Cravo vermelho, cravina, cactos.
Incenso: Laranja.
Oferenda ritual:
1-Toalhas ou panos preto e vermelho; • velas bicolores preto/vermelho; • fitas pretas e vermelhas; • linhas pretas e vermelhas; • pembas pretas e vermelhas; • flores: cravos; • frutas: manga, limão, laranja, pera, mamão; • bebidas: licores, cinzano, pinga com mel; • comidas: fígado bovino picado e frito em azeite de dendê, farofas apimentadas.
(FONTE: “Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e Assentamentos”, Rubens Saraceni, Editora Madras.)
2- Farofa de farinha de milho amarela com pimenta; doces “duros”, tais como: rapadura, pé de moleque, quebra-queixo, cocadas secas; balas de menta ou hortelã (“ardidas”).
Cozinha ritualística:
1-Padês (ou farofas):
●Padê de açúcar cristal (para prosperidade)- Misturar 250g de farinha de milho amarela com 250 g de açúcar cristal e decorar com sete pedaços de canela.
●Padê de pinga- Misturar 250 g de farinha de milho amarela com pinga.
●Padê com camarão- Refogar uma cebola em rodelas no dendê e acrescentar meio kg de camarão seco. Juntar 250 g de farinha de milho amarela e misturar.
●Padê de dendê- Aquecer um pouco de dendê e nele refogar ligeiramente uma cebola em rodelas e uma pimenta dedo-de-moça picada. Em separado, umedecer 250g de farinha de milho amarela (respingar água sobre a farinha) e depois juntá-la ao refogado. Misturar e montar a oferenda.
2-Acaçá de Exu Mirim- Dissolver meio kg de farinha de milho amarela em água o suficiente para fazer a massa. Levar para cozinhar, mexendo com uma colher de pau, até que a massa desgrude do fundo da panela. Deixar esfriar e fazer os acaçás, que devem ser enrolados em folhas de mamona untadas com dendê.
TEXTO: O ENIGMA EXU MIRIM- Por RUBENS SARACENI
No decorrer dos milênios, todas ou quase todas as religiões organizadas tiveram nos gêmeos infantis um dos seus mistérios, e eles ocuparam e ainda ocupam um lugar de destaque em muitas delas.
Na África, em várias religiões, os gêmeos estão presentes ou, quando não aparecem juntos, pelo menos um se faz presente. Assim como ocorre entre os índios brasileiros, em que a criança é chamada de curumim e há seres sobrenaturais infantis ou mirins.
Se assim foi, é e será, então temos que identificar melhor esse mistério e descobrir algumas de suas funções na Criação, porque a partir daí ele fica fundamentado e o entendimento sobre ele torna-se acessível a todos os umbandistas que, quer queiram ou não, têm à esquerda uma entidade “infantil” cuja companhia não recomenda ao seu filhinho, pois preferem colocá-lo num jardim de infância frequentado só por criancinhas da “direita”.
Afinal, essas crianças da “esquerda” (os Exus e as Pom­bagiras Mirins) fumam, bebem, e ainda atazanam a vida de quem os ofende ou os desagrada, não é mesmo?
São crianças condenadas ao purgatório ou ao abandono nas “ruas”, largadas não se sabe por quem, pois nenhum Orixá assumiu a paternidade delas e nenhum os recolheu aos seus Domínios na Criação, preferindo enviá-los para os de Exus que, ao contrário dos outros Orixás, não nega abrigo em seus domínios a ninguém.
A todos Exu acolhe e com todos se relaciona amigavelmente.
E assim foi na Umbanda, quando ninguém sabia o que fazer com os infantes da esquerda, Exu deu-lhes casa e comida, digo, domínio e campo de ação.
Firmado no lado de fora dos templos de Umbanda, mas ganhando aqui e acolá um “ebozinho” minguado para resolver complicações indissolúveis, Exu Mirim foi sobrevivendo à míngua e entre a própria sorte... ou azar, quem sabe? Isolado no gueto ou no cortiço dos meninos mal educados e desbocados, Exu Mirim raramente entra na “casa grande” (no templo) e, ainda assim, é para limpar e levar embora a sujeira alheia (dos consulentes). Afinal, só raramente o chamam para realizar um trabalho de ponta a ponta, ou seja, do começo ao fim! Mas, boa parte da má educação e do “desbocamento” dessas entidades infantes da esquerda deve-se ao comportamento dos seus médiuns, e não ao Orixá Exu Mirim.
Afinal, que melhor momento há para fazer “artes” do que quando incorporado com seu Exu Mirim, não é mesmo?
Que melhor oportunidade há para falar palavrões do que quando incorporado por um espírito “desbocado e mal educado?” Há médiuns que fazem micagens (gestos de macacos) e mostram a língua para os assistentes, além de gestos obscenos impublicáveis quando incorporados com seus Exus Mirins, fazendo uma pantomima nada religiosa.
Mas isso não é inerente aos Exus Mirins, e sim, à falta de informações dos seus médiuns, pois não se doutrinam nem aos espíritos que incorporam e os usam para extravasarem o que têm em seus íntimos.
Exu Mirim é superior a tudo isso e, mesmo sendo relegado à míngua na maioria dos centros e por um grande número de médiuns umbandistas, vem sobrevivendo como um dos mais fechados dos mistérios da Umbanda e vem resistindo a comentários mais absurdos possíveis já publicados por pessoas que não só o desconhecem como nada sabem sobre ele.
(Extraído do livro “Orixá Exu Mirim", de Rubens Saraceni, Editora Madras, edição 2008, resumo das páginas 13/15.)

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial