Axabó
Axabó é um Orixá feminino, cultuado na Bahia, mas pouco conhecido, é da família de Xangô, algumas vezes tratada até como sua versão feminina.
De origem da região de Tapa e Nupê na África possui fundamentos muito parecidos com os de Xangô.
Iyagbá Axabó, precursora da família de Oyó, é a irmâ de Iyá Massé Malé, e assim sendo tia de Xangô.
Trata-se de uma iyagbá das águas mornas, ligada à toda a ancestralidade da dinastia de Oyó, com ligação com as Iyá-mi, com poderes e dons de cura e alta magia.
Rege a intuição feminina, o sonho como presságio ou vidência, o sono, o poder curativo e terapêutico dos banhos de axé.
Ligada às artes e à música, representa a mulher de sociedade, altiva e hierárquica.
Axabó é uma Orixá da Casa de Xangô, muito cultuada no Gantois e no Nagô Pernambucano.
Segundo o que se diz ela cuidava da alimentação de Xangô e preparava os banhos da casa.
Nas cantigas dela sempre se ressalta a associação dela com as águas e as folhas:
ERIN LÔ NIBÔ Ò AXABÓ NILÊ ODÔ
ORIXÁ IYN NI IMALÉ AXABÓ LOMI ODÔ
(O Elefante é o dono da floresta, Axabó dona de uma casa no rio.
Venha Orixá dos Ancestrais, Axabó senhora do rio).
Se diz que nunca teve filhos sendo dai o termo: Agbá-ijena para Senhoras respeitáveis que não parem filhos.
É forte, feminina, muito confundida com Obá e Oyá, mas se trata de uma orixá à parte, muito pouco conhecida e cultuada, sendo os seus fundamentos relegados à poucos axés e zeladores.
Usa vestimentas nas cores vermelho e branco ou rosa (podendo ser estampado). Usa sempre pano da costa. Traz na mão uma lira.
Dizem os mais antigos ser com essa lira, à qual ela tocando que ela encantava Xangô ao sono, para que ele repousasse, descansasse e retomasse o trono e o andamento de suas guerras.
Adora carneiro, cágado e a maioria das outras comidas rituais de Xangô.
Responde nos odus 6 Obará, e 12 Ejilaxeborá que representa toda a dinastia de Oyó.
Iya Axabó faz parte dos fundamentos do quarto de Xangô, e segundo algumas tradições Xangô não deve ser assentado sem ela.
Axabò não é considerada uma Iyá porque nunca teve filhos, e assim como Otí não gerou descendentes no Ayé.
Mesmo assim existem algumas filhas dela no Brasil, principalmente nos grandes terreiros tradicionais da Bahia.
Em alguns axés seus iniciados são filhas de Yemanjá que são entregues à ela pela irmã.
Só se inicia uma pessoa para Axabó quando é mulher e sem filhos e o jogo apontou ser filha de Yemanjá e esta pessoa possui um cargo específico na Casa de Xangô.
Orixá extremamente raro e só aparece para ser iniciada quando sua filha tem um cargo específico de cuidar do agbô e dos alimentos da casa de Xangô.
Iyá Axabó também faz parte fundamental dos ritos da fogueira de Xangô.
Muitos sacerdotes abrem axés, mas esquecem muitos detalhes e às vezes detalhes que fazem a diferença dentro de um ilêAxé e esta divindade tem por obrigação ser assentada a quem faz fogueira para Xangô e Airá e a família de Oyó.
Principalmente as pessoas que são destes orixás mas é um grupo pequeno e restrito que tem tal conhecimento de tal iyagbá e é ela quem proporciona o sonho aos Iyawos (iniciados enquanto recolhidos).
E também juntamente e fundamentalmente fundamentada com Iyá mí sendo uma delas também no culto Geledé, e Osanyin o senhor das folhas tanto que ela rege todo o omi eró feito no axé juntamente com ele, ela deve ser arrumada no quarto de Xangô e lá cultuada.
Em algumas tradições Axabó não tem parte com Iyá mí, mas com o culto Egungun (mesmo este sendo um rito fechado e relegado apenas aos homens…).
Lembrando que ao arrumar Iyá Massé Malé (mãe de Xangô) tem que arrumar Iyá Asagbó e vice e versa: uma não caminha sem a outra e só se acende a fogueira para Xangô caso tenha ela assentada em um Ile Axé não e apenas pegar uma amontoado de lenhas e tacar fogo.
Muito pelo contrário, há vários orixás como exemplo Iyá Sogbá (Yemonjá) também responsável por participar da fogueira de Xangô que devem ser assentados para que se realize esta maravilhosa festa uma das mais lindas do candomblé.
Portanto sem esta iyagbá assentada não se pode ser feita a fogueira com seu total axé e com Xangô e Airá satisfeitos senhores principais da fogueira.
MITOLOGIA
Por que Iyá Asagbó se tornou importante para o banho de folhas dadas aos iniciados:
Em Oyó, terra onde Xangô foi rei, houve uma terrível época de seca e neste período como a cidade do rei Xangô sempre estava em guerra com outros estados vizinhos e não poderia sair de sua cidade e palácio.
Então Xangô enviou AIRÁ seu ministro a cidades vizinhas que se encontravam em dificuldade para que seu povo obtivesse ajuda e água.
Algum tempo depois AIRÁ voltou frustrado sem nada ter conseguido isso pelo fato de na época ninguém gostar de Xangô, e por ele mesmo ter tido várias guerras com estes povos.
No entanto em visita à região, sua tia Iyá Asagbó viu a situação de seu sobrinho e ela mesmo tomou os apetrechos das mãos de Airá e partiu para os mesmos povos.
Conseguiu com seu temperamento quente e utilizando de magia que aprendera com as Iyá -mi tudo que precisava e a tão sagrada água dos povos vizinhos fazendo com que o povo de Oyó se limpasse e recolocasse tudo em ordem.
Trouxe de um babalawô local um amuleto e entregou aos cuidados de Airá Adjaosí (responsável pelas chuvas) e desde então jamais faltou água à casa e ao reino de Xangô.
Este reconhecido e grato,confiou a Iyá Assagbó sua tia, a missão de todo e quaisquer iniciados no seu culto ou o culto yorubá que nenhum banho abençoasse nenhum iniciado que não fosse consagrado além de Osanyin, e também à Iyá Asagbó.
E todo ano também em virtude das grandes festas que acontecem em Oyó e indispensável a sua presença para a fogueira.
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