A Linha de Exus na Umbanda
Exus quando incorporam no terreiro de Umbanda são alegres, falantes, sarcásticos, irônicos. Tudo isso faz parte do arquétipo marcante que assumiram para se achegarem na Umbanda.
Se mostram dentro da lei maior dispostos a ajudar a quem os procura atuando com grande poder de realização nos casos de magias negativas, de relacionamentos e de assuntos profissionais.
Seus nomes variam conforme a Calunga a qual pertencem (Calunga Grande [Mares e Rios], Calunga [Terra e Cemitérios] e Calunga das Matas [Florestas e áreas com alta densidade de árvores e ervas]).
Cada médium tem um Exu Guardião e um Exu de Trabalho.
O Exu Guardião é ligado muitas vezes ao Orixá Ancestral do médium e o Exu de Trabalho ao seu Orixá Adjunto, ao Guia Chefe ou ao Mentor dos seus trabalhos.
Médiuns mal orientados ou mal doutrinados dão vazão aos seus recalques ou sentimentos íntimos negativos. Neste caso, o seu Exu torna-se grosseiro, chulo, desrespeitoso, revelando o íntimo do médium. Já com médiuns bem doutrinados e preparados, Exu “continua sendo Exu”, mas se apresenta de uma forma agradável e respeitosa.
Exu mostra o íntimo do médium, como se fosse um espelho, e por isso se diz que Exu é especular. No campo da Física, a “reflexão especular” ocorre quando a luz incide sobre uma superfície bastante polida (lisa), sendo que a imagem refletida tem forma igual à do original. Um espelho é uma superfície muito lisa e permite alto índice de reflexão da luz que incide sobre ele, de modo que reflete imagens com muita nitidez.
No caso Exu/médium, Exu é “o espelho” que mostra a imagem do que está escondido no íntimo do médium desequilibrado, para que este possa ser alertado e venha a corrigir-se. E, nesse processo, Exu é também “a Luz Divina incidindo”, para viabilizar o trabalho de correção dos sentimentos e comportamentos humanos negativos. Afinal, Exu leva a Luz às Trevas, principalmente às nossas trevas interiores!...
Exu "O Orixá" é uma Divindade Planetária ou Divindade Maior de Deus, tem suas hierarquias de seres que trabalham sobre a Sua irradiação. Tem suas divindades médias, menores, classes de seres divinos, seres elementais,naturais, até chegar ao nosso nível que são de seres espiritualizados e humanizados.
Não podemos jamais confundir a "Divindade Maior" Exu com espíritos exunizados (que nós trabalhamos) ou espíritos elementais naturais (que nós oferendamos). Devemos distinguir a Divindade Maior Regente de um Mistério de Deus, dos seres que somente manifestam essas qualidades, para que assim não venhamos a descaracterizar e nem humanizar demais uma Divindade cuja natureza e origem é divina e que atua em toda a criação, e não está somente voltada para nós ou para nossa realidade.
Não podemos confundir o Orixá Maior Exu , com os espíritos que se manifestam e incorporam sob sua regência, pois esses espíritos estão em evolução, quanto o Orixá Maior Exu, é uma Divindade Maior de Deus e que realiza sua função em toda a criação de Deus amparando todas as criaturas geradas pelo Divino Criador.
Então o Orixá Maior Exu na origem é neutro, guardando essencialmente o estado do "vazio"; no meio espiritual a Lei Maior utiliza esses espíritos que foram exunizados para executar carmas adquirido por nós, não importando quando adquirimos esses débitos, pois a semeadura é livre e a colheita é obrigatória e no fim está a onisciência de Deus que tudo sabe; e somente quando estivermos elevados e adquirirmos uma consciência maior de suas Leis, tem inicio a colheita dos vazios que semeamos, pois já amadurecemos como seres humanos e estamos aptos a colher os frutos amargos que plantamos enquanto estávamos também vazios de sentimentos.
Precisamos entender que até um espírito obsessor que nos tira a paz, está ligado carmicamente conosco por fios invisíveis e devemos meditar quanto a essa atuação, pois na maioria das vezes ela não se encontra refletida em um ato dessa encarnação e sim de outras vidas, e a vítima de hoje talvez tenha sido o algoz de ontem.
Sendo assim, exu enquanto elemento mágico ativado em um ponto de força na natureza, não possui livre arbítrio e a lei utiliza-se desse meio e condição dos espíritos exunizados para atuar através deles na lei do carma para aí sim poder esgotar os débitos e devolver os créditos.
Todos os que conhecem a Umbanda e os cultos afro brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora do espaço espiritual do templo (tenda ou Ilê Axé), protegendo-o das investidas de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam auxílio espiritual e religioso, que possa livrá-las dessas perseguições terríveis.
Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar os seus problemas, é preciso que a tronqueira esteja firmada, porque assim, ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo.
Um Exu guardião é assentado na tronqueira, e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que estes que estão ligados a outros Exus guardiões de reinos sob a guarda de outros Orixás.
Os outros não podem ser assentados, senão dois vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo, e a ação de um interfere na do outro.
Um só Exu guardião é assentado, e todos os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado de fora” do templo.
Assentar o Exu e a Pombagira guardiã no mesmo cômodo ou “casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de fora” e o campo dela se abre para dentro do “lado de dentro” do templo, criando apolarização com o campo do Exu guardião.
O campo do Exu guardião é o vazio relativo que se abre no lado de fora do espaço "virtual interno" do templo, enquanto que o campo da Pombagira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do espaço "espiritual interno" do templo. Esses dois Orixás são indispensáveis para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora repetindo o mistério das realidades e o outro atua por dentro do templo repetindo o mistério das dimensões.
Exu retira do “espaço infinito”, tudo e todos que estiverem gerando desequilíbrio ou causando desarmonia. Pombagira recolhe ao âmago do espaço infinito, tudo e todos que o estiverem desarmonizando.
São duas formas parecidas de atuação, mas Exu retira, e Pombagira interioriza.
Comparando o espaço infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erupção, quando ele descarrega a intensa pressão interna. Já a ação de Pombagira, seria a das rachaduras internas, que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lentamente, se resfriam e se cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas.
Para se fazer um bom trabalho na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir até o quintal, riscar um ponto de Exu, colocar um copo de pinga, firmar as velas nos pólos mágicos e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa e até contra ela.
O mesmo deve ser feito com Pombagira para que, só então, o médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e demandas terão por onde ser descarregados. E mesmo as entidades negativas que tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o trabalho.
Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o médium deve firmar suas forças em casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou Pombagira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante o trabalho de descarrego na natureza.
São medidas indispensáveis para que um bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz.
Laroyê Exu Mojubá!!!
Saravá Umbanda!!!
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