domingo, 1 de maio de 2016

Airá um Orixá único.


Airá é um Orixá da família do raio, mas pode também ser relacionado ao vento, seu nome pode ser traduzido como redemoinho, sendo o fenômeno que mais se assemelha a um furacão em território Nigeriano. Seu templo fica em Savé uma cidade no Benim que é conhecida por ser local de muitas rochas. O surgimento do culto a Airá antecede ao de Xangô, seu culto migrou de Savé para Oyó e de Oyó para Ketu. Airá foi incorporado a família de Xangô, é tido como Orixá velho, veste-se de branco, usa contas brancas rajadas de marrom intercaladas com seguí e acompanha Oxolufon, Airá não usa coroa, mas um eketé branco. Suas comidas votivas não são temperadas com dendê, nem com sal e sim com banha de ori africana. Comeria quiabos, assim como Xangô. Conhecido no Brasil como uma qualidade de Xangô, porém, na verdade foi incorporado ao panteão do fogo, mas seu verdadeiro culto é independente, Airá é um Orixá único, ele não usa coroa e sim um capacete e seu simbolo é uma chave, usa uma lança como simbolo de respeito,impondo-se mesmo depois da chegada de Xangô.

Airá é tido como Ebora, ou seja, Orixá que povoou a terra logo após a sua criação, para alguns historiadores, seria Xangô ancestral, daí sua grande ligação com Oxalá. Airá está intimamente ligado às cantigas da roda de Xangô, assim, se junta à família e formam os 12 Xangôs cultuados e reverenciados.

O Mito Oba àkesón

Oba Àkesón deixou o reinado para seu filho mais velho Aira Ìntilé, grande caçador e guerreiro, que em acordo com Xangô passou usar um Osé e passou a comer oguidí,(sopa de Feijão com quiabo),Mais por ser um Orixá devoto de Osolufon, ele evita o sal, dendê e pimenta para poder estar ou comer junto a Oxalá.


O MITO DE AIRÁ


Segundo os mitos, Oxalá permaneceu injustamente preso durante sete anos no reino de seu filho, Xangô, sem que este soubesse do fato. Grandes calamidades ocorreram em todo o reino devido a essa injustiça e quando Xangô finalmente descobriu o que havia acontecido com o próprio pai, resgatou-o da prisão e ordenou que fossem organizadas grandes festas em todo o reino, em sua homenagem. A festividade conhecida hoje como Águas de Oxalá remonta a esse acontecimento.

No entanto, Oxalá estava muito alquebrado, ferido e entristecido. Apesar de toda a atenção que recebeu, a única coisa que desejava era retornar ao seu próprio reino, em Ifé, onde Yemanjá, sua esposa, o aguardava. Xangô não podia acompanhá-lo, pois precisava colocar em ordem o próprio reino e pediu a Airá que fizesse isso em seu lugar.

Foi assim que Airá tornou-se o companheiro de Oxalá, pois a viagem foi muito longa já que Oxalá andava muito devagar (conta-se também que Airá carregava Oxalá nas costas) pelo fato de ainda estar se recuperando dos ferimentos que adquirira durante os sete anos de prisão.

Durante o dia, eles caminhavam. À noite, Oxalá sentia frio e precisava descansar. Para aquecê-lo e distraí-lo dos próprios pensamentos, Airá mandava que acendessem uma grande fogueira no acampamento. Oxalá observava o fogo e Airá passava longas horas contando-lhe histórias do povo de Oyó.

Desse modo, tornou-se tradição acender a fogueira no dia 29 de junho de cada ano (no Brasil), em homenagem a Airá e à viagem que fez em companhia de Oxalá.

A Casa Branca do Engenho Velho consagrada originalmente como Ìyá Omí Àse Àirá Intilè, e conhecido atualmente por Ilé Ìyá Nassô, a própria Iyá Nassô trás de Ketu, Ìyá Lussô Odé Dana-Dana que auxiliado por Babá Asiká, ficam no Brasil o Àse da Nação Ketu na Bahia próximo a igreja da Barroquinha, na primeira metade do século XIX. Com forte presença do culto a Airá e Xangô, por ser Iya Nassô um título dado a um sacerdotisa de Xangô, auxiliadas por Iya Detá e Iya Kalá, mantém a tradição até hoje passando por várias gerações nas grandes casas de candomblé.

Antigos dizem que são seis os caminhos de Airá, porém somente quatro são do meu conhecimento:

Airá Intilè: Veste branco, aquele que carrega Lufon nas costas.

Airá Igbonan: É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece à fogueira de Airá, rito em que Igbonan dança sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das fogueiras.

Airá Modé: É o eterno companheiro de Oxaguiã, veste branco e não come dendê (só um pingo) sua conta leva seguí.

Airá Adjaosí: Velho guerreiro veste branco, ligado a Yemanjá e Oxalá.

Nesta cantiga abaixo, podemos entender a força de Airá nas casas antigas, embora a bandeira seja da nação Ketu no Brasil, muitas casas originadas do Engenho Velho, exibem no alto do seu barracão um referencia a Airá ou Xangô, como uma gamela com machado duplo, xéren, quartinha, otás, etc.

“Airá ó lé lé, a ire ó lé lé

A ire ó lé lé, a ire ó lé lé”

“Airá está feliz, ele está sobre a casa”

Estamos felizes, ele está sobre a casa”
Mito – Fogueira de Airá

Um dos rituais mais preminentes em homenagem a Airá é o orô em torno da fogueira, danças alegres e de muita interação com os poderosos Orixás do Fogo e toda sua familia sendo reverenciada, Bayani, Iyá Massê, Dadá, Ajaká, Kôsso, Aganjú, etc.
Arquétipo: Pessoas de Airá são extremamente bondosas, inteligentes, podem antever situações desfavoráveis e se planejar para qualquer situação, mudança ou recomeço. Seu jeito calmo, manhoso e pacífico, esconde um grande estrategista movendo-se entre o fogo e o vento silenciosamente e sem alarde.

Oriki

Áyrà ójó mó péré sé

Á mó péré sé

Áyrà ójó mó péré sé

Á mó péré sé

Tradução

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor.

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