segunda-feira, 2 de maio de 2016

ÒKÒTÓ


Òkòtó é uma espécie de caracol e aparece nos motivos das esculturas e como emblema entre os que fazem parte do culto de Èsú. Ele consiste em uma concha cônica cuja base é aberta, utilizado como um pião. O Òkotó representa a história ossificada do desenvolvimento do caracol e reflete a regra segundo a qual se deu o processo de crescimento; um crescimento constante e proporcional, uma continuidade evolutiva de ritmo regular. O Òkòtó simboliza um processo de crescimento. O Òkòtó é o pião que apoiado na ponta do cone- um só pé, um único ponto de apoio- rola “espiraladamente” abrindo-se a cada revolução, mais e mais, até converter-se numa circunferência aberta para o infinito (cume oco ). É Ifá quem diz; ” ò ni, òkòtó, ò ni, Agbegbe lójú bèè ló si n fi esè kan gogogo pòòyi rányinrányin kálè” trad; Ele diz; òkòtó (pião-caracol), Ele diz; ele tem um amplo cume oco.
Assim òkòtó com uma só perna ,rola por toda a superfície do solo. Esse odù foi recitado pelo Babálawo Ifátoogun para ilustrar as múltiplas variedades de Èsú- orísírisí Èsú– para explicar seu papel como fator de expansão e de crescimento a partir de um único Èsú_ o pé do òkòtó, Àgbá Èsú_ de cuja natureza as múltiplas unidades participam. Òkòtó ilustra não só que os Èsú, “apesar de numerosos, sua natureza e sua origem é única “, mas também ele explica o significado dinâmico, sua maneira de crescer e de se multiplicar “em espiral “. Èsú é Um multiplicado ao infinito. Em numerosos textos e cantigas encontra-se essa relação de Èsú com o número 1. Assim, numa parte do itan que ilustra esse Odù, conta-se que, quando Èsú acabou de se preparar para vir do òrun ao àiyé já que “queria abençoar aqueles que não eram numerosos na terra, e porque ele percebia claramente que as cidadezinhas se lastimavam amargamente por não crescer “, ele convocou todos os seus descendentes no òrun, “os filhos de seus filhos, de geração a geração”, e os contou durante longo tempo; “eram mil e duzentos, Àgbà Èsú, ele próprio, o rei de todos, acrescentou UM a seu número, o que fez 1201”. Assim interpretasse que “a adição de uma unidade ao número redondo evoca a continuação… o número redondo, ao contrário,… marca uma paralisação na numeração, logo, por analogia, uma paralisação das relações sociais das partes, um limite…. ” Essa capacidade dinâmica de Èsú que tanto permite a Sàngo lançar suas pedras de raio como a Òsányìn preparar seus remédios, esse poder neutro que permite a cada ser mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos, é conhecido sob o nome de Agbára. Èsú é o senhor-do-poder, Elegbára, ele é ao mesmo tempo seu controlador e sua representação. Olórun delegou esse poder a Èsú ao entregar-lhe o Àdó-iràn, a cabaça que contém a força que se propaga. O Àdó-irán constitui um de seus principais emblemas e está presente nos “assentos” e em numerosas esculturas sob a forma de uma cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsú carrega em sua mão. Principio dinâmico e símbolo complexo que participa de tudo o que existe, em sua força abstrata , Èsú só precisa apontar seu àdó para transmitir a força inesgotável que tem. Èsú, como Ifá, possui um culto e sacerdotes, mas por causa de seu significado está ligado a todos os cultos dos ìrúnmolè, tanto òrisà como ancestrais, participando de todos eles. Èsú o primogênito do universo. “ORERE TI NDU ORI ELEMERE, BABÁ MI TA MI L’ORE OLA MO SIRE AGBE RODE O ” . Trad; Èsú o bondoso, que se preocupa, em melhorar a qualidade de vida, de todos os seres. Oh! meu pai, me presenteie com a prosperidade, fui propagar a sua sabedoria à todas as pessoas.

Pesquisa: Livro Os Nagô e a Morte de Juana Elbein dos Santos.

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