domingo, 24 de março de 2013

Òrìsà Òsògìyán

http://elekomulheresguerreiras.blogspot.com.br/2012/09/o-pilao-de-oxaguian.html

Oxaguian no Brasil ou simplesmente Òrìsà Òsògìyán como ele mais gosta de ser chamado, Ewúléèjìbò “Senhor de Ejigbô” onde é tratado por Kábiyèsi, é um dos Orixás mais emblemáticos do candomblé. Sobre ele também recai uma série de segredos rituais guardados pelos terreiros, embora muitas coisas já se tenham escrito. Acredito sim nessa complexidade em se cultuar o maior dos Orixás, pois sua energia é tão suave, tão magnífica, magnânima e tão sutíl que nem todo mundo tá preparado para se harmonizar e poder interagir de seu Axé.
Conta um itãn que Oxun Aiyan’lá, de acordo com uma de suas histórias, ela teria dançado pela primeira vez na presença de Òsògìyán e fez todo o mercado lhe acompanhar. É por este motivo que filhas de Oxun Aìyan’lá, a fim de agradar Òsògìyán envia clarins para homenagear o Orixá, ato que se pode observar em alguns terreiros antigos.
Os mitos afro-brasileiros sobre este ancestral nos permitem perceber que Oguian liga-se a comida. A sua festa é o ponto culminante do chamado Ciclo das Águas, representado pelos inhames novos presenteados pela terra após um período de dificuldades. Òsògìyán, assim, o dono do inhame. É ele quem garante o nosso sustento de cada dia representado pelas raízes, conhecido por Orixá comedor de inhame pilado (Oxaguian), pois inventou o Pilão para melhor preparar seu prato favorito.
O Grande Òsògìyán em momentos de crise representa a estabilidade; em ocasiões de guerras, a estratégia; na tristeza é a alegria, no fim é o recomeço, é o Orixá de todos os momentos. De acordo com suas histórias, ele teria passado em Irê, a terra de Ògún, e graças à sua inteligência idealizou armas forjadas pelo grande ferreiro. A amizade entre o povo de Ejigbô foi tanta que Ògún, certa ocasião, se ofereceu para ir à frente de uma batalha lutar pelo povo de Ògìyán que na volta foi aclamado Senhor vestindo-se de branco.
Diz-se também que o Orixá que adora inhames é amigo inseparável de Oyá e dela ganhou os Atorís, com quem anda sem pisar no chão levado pelo vento que lhe conduz a todos os lugares. Por isso, filhos dessa Orixá se sentem plenamente atraidas por estarem perto dos filhos deste Orixá. Osogiyan põe um ponto final no fim e inaugura aquilo que é infinito, pois diante dele tudo é recomeço.
Òsògìyán é o Orixá do renascimento, tudo que forma um ciclo se mantém graças a ele. Este é o motivo pelo qual no dia a ele consagrado se realiza uma pequena procissão. Ele representa a volta para a casa, a estabilidade dos grupos que até então vagavam sem destino. O terceiro Domingo do ciclo das Águas de Oxalá é representado pelo ” Ojó Odò” (dia do Pilão) de Òsògìyán, pois fecha o ciclo de renovação da existência.
Com o Orixá Sàngó, coluna central do culto reorganizado no Brasil pelos Yorubas e seus descendentes, Ògìyán se relaciona como outrora os reinos de Ejigbô e Ifon estavam ligados à Oyó, fato relembrado pelo pilão, instrumento de vital importância para a fixação dos grupos na terra. Se o pilão é o centro do mercado, a mão de pilão é o instrumento que repete o movimento que liga o céu à terra, garantindo a nossa permanência através da comida, do inhame dado em forma de presente por Osogiyan. O pilão como o ferro ilustra uma nova etapa da história da humanidade. A partir dele, pode-se falar em comidas mais elaboradas, preparar a farinha e conservar melhor os alimentos. O Pilão representa a justiça, o equilibrio provocado pelas duas bocas do pilão, seus Ìsáns representam o poder ligado a Irôko ancestralidade, vida e morte, a espada representa a luta diária pela paz social.
Òsun é verdadeiramente o coração de Osogiyan, dizem os antigos que “Òsun é sua menina dos olhos”. Ela dança também para ele. É Òsun quem vai a frente das mulheres da terra de Ijexá que inventaram um tipo de tambor apenas tocado por elas. Instrumento na sua origem feminino como as cabaças, cujo som remete ao mesmo produzido na vida uterina. Oxun teria ensinado estes sons para a humanidade, escutando a sua própria barriga. Mantém relações também com Ewá, ilustrada através de uma das passagens míticas mais emblemáticas. Ewá, aquela que tem o poder de transformar-se em qualquer coisa, lhe teria salvo da morte, garantindo assim a continuidade do ciclo da vida.Osogiyan como já falamos, relaciona-se também com os Orixás caçadores e caçadoras. Daí a sua relação com Òsóòsì, considerado líder e cabeça da grande caçada. Com Òsanyìn interage estratégicamente com o pássaro, as magias e todo tipo de feitiçaria “Òsò”, prefixo de seu nome estabelece a parceria, o sumo da folha, etc. Com Obà divide a essência guerreira feminiana/masculina, a guerra através dos sentimentos do coração, do amor e da paz.
Osogiyan anda através de passos mais rápidos, determinados. Em guerra constante, a prontidão, o alerta nunca lhe precedem, pois ele é a própria luta, relembrada num de seus títulos de pronúncia mais evitada: “Baba O’Lorogun”, literalmente “pai da guerra”. O Orixá que carrega todas as armas, ora caçador, ora rei, ora a guerra, mantém relações também com Yemanjá, pois ela é responsável pelo equilíbrio, o principio ancestral, o mundo só é inteligível, graças àquela que mantém as nossas cabeças (ìyá Orí) que suaviza a sua chegada. Com Jagun forma talvez a parceria mais intrigante, caminham juntos e às vezes se confundem entre si, guerreiros inseparáveis. Com Airá, o conhecimento da impulsividade, dando a este exatamente o oposto, os dois lados da moeda, julgar pela razão e não pela emoção. Com Nàná a grande Iyabá se confraterniza, a grande metáfora vida e morte.
Òsògìyán representam o começo da humanidade, o sol nascente, a vida que chega no primeiro raio de sol, o Pai do dia.
Quando entramos em contato com os elementos, entramos em conexão com o mundo divino e seus respectivos senhores através de seu axé. Alguns se conectam a nós através da musica, outros através das àguas, do Fogo, da Terra, dos metais, minerais, do vento ou simplesmente do silêncio. Ele também se revela no silêncio na quietude e mansidão. Ele está em todos os níveis!
Com Odùduá, Orixá matéria que é responsável pela abertura no primeiro Domingo das “Águas de Oxalá”, a grande mãe progenitora feminina que representa a Terra, e com Olúfón (Oxalufan) Orixá cujo o templo é em Ifón, responsável pelo segundo domingo das “Águas de Oxalá”, a procissão de Obatalá,o Ebô repartido entre todos os presentes.
Senhor do Igí Opé Íwìn, Akinjolê, Babá Ikíre, Babá Eléèjìgbò, Oxaguian, Ògìyán com tantos nomes que pode ser conhecido, Babá mí Òsògìyán, mò jùbá.

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