Èsù corta o nariz do artesão que não lhe fez o ebó prometido
"Era uma vez um certo marceneiro muito competente no ofício,
mas não tinha jeito de arranjar trabalho.
O artesão teve um sonho com um negrinho
que disse que ele ia ter muito serviço
e ia ganhar um bom dinheiro.
O negrinho do sonho, com seu barrete vermelho,
disse ao marceneiro que após completar o primeiro serviço
ele tinha que fazer um ebó para Èsù.
Devia providenciar um galo preto,
sete tocos de lenha, fósforos e uma vela,
um pouco de azeite-de-dendê, sete ecôs¹,
fumo picado e muitos búzios.
Que fosse para o mato fechado,
acendesse a vela, passasse o galo no corpo,
fizesse a fogueira com a lenha e o fósforo.
Que matasse o galo e o cozinhasse
com os temperos estipulados e oferecesse os búzios.
Era assim o ebó que Èsù queria.
Se ele não fizesse o ebó, ameaçou,
Èsù tomaria o seu nariz.
No mesmo dia apareceu um grande serviço,
que o marceneiro fez com capricho e rapidez,
e ganhou um bom dinheiro.
E depois outro e mais outro
e assim ele foi ficando bem de vida.
Mas para Èsù, nada!
Ele nunca se interessou em cumprir a obrigação.
Um dia, trabalhava sob o sol, alisando tábuas,
quando o negrinho do sonho apareceu e disse:
"Olha, não vais cortar o nariz com esse enxó² ?"
Ele respondeu:
"Como é que eu posso cortar o nariz com este enxó?",
e fez um gesto aproximando o objeto do rosto.
Sem querer, decepou o nariz com a lâmina do enxó.
O moleque disse:
"Te lembras da promessa do ebó?
Èsù deu-te trabalho e dinheiro.
Não deste nada para Èsù,
então vim buscar o teu nariz."
Pegou o nariz que caíra no chão,
deu as costas para o marceneiro que sangrava horrivelmente
e foi-se embora, levando o nariz do artesão."
1- Ecô (Eko): bolinho de amido de milho branco ou amarelo embrulhado em folha de bananeira.
2- Enxó: Instrumento para desbastar tábuas ou pequenas peças de madeira.
"A kìì lówó láì mú ti Èsù kúrò
(Aquele que tem dinheiro dá uma parte para Èsù)
A kìì láyò láì mú ti Èsù kúrò
(Aquele que tem felicidade dá uma parte para Èsù)
Èsù gbe eni se ebo l'ore o
(Èsù apóia a pessoa que faz o ebó bem feito)"
(Extraído do livro "Mitologia dos Orixás" de Reginaldo Prandi, com adaptações)
que o marceneiro fez com capricho e rapidez,
e ganhou um bom dinheiro.
E depois outro e mais outro
e assim ele foi ficando bem de vida.
Mas para Èsù, nada!
Ele nunca se interessou em cumprir a obrigação.
Um dia, trabalhava sob o sol, alisando tábuas,
quando o negrinho do sonho apareceu e disse:
"Olha, não vais cortar o nariz com esse enxó² ?"
Ele respondeu:
"Como é que eu posso cortar o nariz com este enxó?",
e fez um gesto aproximando o objeto do rosto.
Sem querer, decepou o nariz com a lâmina do enxó.
O moleque disse:
"Te lembras da promessa do ebó?
Èsù deu-te trabalho e dinheiro.
Não deste nada para Èsù,
então vim buscar o teu nariz."
Pegou o nariz que caíra no chão,
deu as costas para o marceneiro que sangrava horrivelmente
e foi-se embora, levando o nariz do artesão."
1- Ecô (Eko): bolinho de amido de milho branco ou amarelo embrulhado em folha de bananeira.
2- Enxó: Instrumento para desbastar tábuas ou pequenas peças de madeira.
"A kìì lówó láì mú ti Èsù kúrò
(Aquele que tem dinheiro dá uma parte para Èsù)
A kìì láyò láì mú ti Èsù kúrò
(Aquele que tem felicidade dá uma parte para Èsù)
Èsù gbe eni se ebo l'ore o
(Èsù apóia a pessoa que faz o ebó bem feito)"
(Extraído do livro "Mitologia dos Orixás" de Reginaldo Prandi, com adaptações)
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