domingo, 24 de janeiro de 2016

Ekedi no Candomblé Ketu


As Ekedis (Èkèjí) também podem ser chamadas de Àjòyè, Ìyároba, Makota, a depender da tradição da casa ou nação, não entram em transe, ou seja: não incorporam, pois que, precisam estarem acordadas para exercerem sua função.
Dentro de uma casa de Santo onde se tem axé, a Ekédi é chamada de mãe e tem o respeito dos demais como tal, afinal uma mulher que escuta, aconselha, ama, cria, consola, alimenta, lava, passa, cozinha,etc , independente de ter gerado é MÃE desde que o mundo existe.

Diz uma lenda do povo Jeje:
“Em uma reunião Orunmilá ordenou que cada vodun escolhesse ainda no ventre da mãe uma criança para que ela fosse o sacerdote do vodun e que não virasse com nada . Já que se na terra fariam voduncis e mais tarde seriam sacerdotes quem zelaria por eles , se todos virassem com vodun quem olharia pela casa de santo por tudo , quem zelaria por eles voduns quando viessem no ori dos vodunces. E Assim surgiu a primeira ekedji do ventre de uma mucama de Azirí”.

Abaixo do Babalorixá/ Iyalorixá a Ekédi faz tudo que todos de uma casa de axé fazem, mas, nem todos fazem o que uma Ekédi faz, dai sua grande importância até o simples ato de enxugar o suor de um Orixá no barracão participação efetiva numa iniciação.

Uma Ekédi comprometida com a divindade que lhe escolheu, tem a obrigação de zelar por suas roupas e apetrechos, por sua segurança e conforto, saber vesti-lo, talvez seja essa uma de suas principais funções.

Esse trato direto com dedicação, amor e carinho com os Orixás, as torna muito próxima deles, ganham a sua confiança, interagem de uma forma única, uma parceria perfeita.

Um boa Ekedi tem que estar sempre atenta ao menor gesto do seu Babalorixá/Iyalorixá, dar ritmo a Casa coordenando funções, observando e sendo os olhos de seu zelador.

A Ekedi cabe a obrigação de manter o foco na preparação dos ebós, mesa de borí, no preparo das comidas secas e axés dos Orixás, impondo-se na cozinha de Santo, exigindo silêncio e concentração pois a energia colocada na confecção de um ebó ou de uma comida de Santo é primordial no andamento das obrigações, estar focada em seus afazeres é fundamental.

Uma antiga iyalorixá dizia que se conhece uma Ekedi pelas unhas, limpando galinha, tirando axé, escarnando ori.

Como os Ogans, as Ekedis são escolhidas pelo Orixá do zelador, que primeiramente serão convidadas, cabendo a eles o direito de não aceitarem a responsabilidade, mas, em aceitando, serão suspensas e posteriormente confirmadas para o Orixá, podendo no futuro e por merecimento ganhar um Oyè, ou seja um título ou cargo dentro da Casa.

Ekedi toma suas obrigações anualmente e conta tempo, seus Orixás são reverenciados por todos os Orixás da Casa no decorrer das festas relacionadas ao seu Orixá, podem se vestir de baiana como as Egbomis, alaká ou saia branca para dar mais mobilidade, fica a critério das normas de cada Casa.

Texto e acervo cultural- Àjòìè Sonia D’Yemojá – Ìrànsé do Ilé Àse Òsòlúfón ÍwÌn

“Entendo minha religião e meu Orixá com muito mais profundidade em se tratando da relação estabelecida com uma Ekedi. Quando o Orixá convida e escolhe alguém para ser sua Ekedi e, é aceito por ela, com certeza existe algo além dessa simples escolha, existe comprometimento espiritual de fundo ancestral. O que acontece é que Ekedis estão contidas neste Orixá, são parte dele, Orixá. Este elo os une eternamente, está provado no momento que o Orixá dá orukó da Ekedi no barracão e que poucos dão valor e importância. Neste momento, mais do que nunca se estabelece o intercambio das energias entre eles, direitos e deveres ficam firmados e o amor, carinho, disciplina, liturgia, são preservados. O Babalorixá precisa que se estabeleça uma forte união em torno de si e nas funções do axé, casas de santo sem suas Ekedis, não se estabelecem, pois elas ajudam a formar a base, a casa precisa de um corpo em sua formação, precisa de sustentabilidade, a espinha dorsal, a segurança, o Orixá também precisa de conforto.

Ekedis, não precisam usar kelê, raspar, colocar adôxu, etc, por que o seu Babalorixá ou Iyalorixá, já passou por isso, se elas Ekedis, nasceram para servir o Orixá, então estão contidas em sí na energia do Orixá, independente de seu próprio Orixá.

É uma relação de intimidade e de muita cumplicidade espiritual para com o Orixá. As boas Ekedis, tomam a frente muitas vezes em defesa de seu Axé, protegem seu Babalorixá ou sua Iyalorixá, Intervém em questões inerentes a liturgia em defesa de seu juramento, a aliança com o Orixá.”

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