domingo, 24 de março de 2013

Os Ajogun


Ajogun – Àqueles Que Lutam Contra A Humanidade
Nas últimas postagens, abordamos duas Divindades de suma importância, que estreitam os laços existentes entre o Orùn e o Aye (Ìyàmì e Egúngún). Hoje vamos falar um pouco sobre os “Ajogun”, que não são Òrìsàs (é importante que isso fique claro a todos), mas sim, espíritos malignos que tem como objetivo afetar a vida das pessoas no Aye.
À primeira vista, muitos se apavoram em saber da existência de espíritos malignos que podem nos prejudicar. É fato que eles atrapalham a vida das pessoas, mas na concepção Yorùbá, esses espíritos fazem com que exista o equilíbrio natural, a simetria entre mundos e poderes.
Isso é evidenciado, por exemplo, no jogo do Obì, no qual existe uma caída que reflete a harmonia perfeita, na qual duas faces internas do Obì caem voltadas para baixo e duas para cima, sendo que os sexos dos gomos do Obì caem divididos para baixo e para cima harmoniosamente. Na cultura dos Òrìsàs essa caída representa a simetria perfeita, pois o negativo e positivo estão em consonância, bem como o feminino e masculino.
Dessa forma, embora malignos e terríveis, a existência dos Ajogun motiva as energias positivas a circularem no mundo. Essas energias positivas são estimuladas por meio dos sacrifícios (Ebó) que são prescritos por Sacerdotes, que o revelam por meio do oráculo.
Os Ajogun são forças muito negativas, que tem como objetivo causar doenças, acidentes, brigas, discórdias. Por isso, quando há sacrifícios, é comum cantarmos pedindo para que a água (elemento mais puro e benéfico que existe) cubra e mate as discórdias (bomi pa ejo), cubra e mate as doenças (bomi pa arun), cubra e mate as maldições (bomi pa epe), etc. Em verdade, estamos pedindo para que a água cubra e mate os poderes malignos do mundo, os Ajogun.
Diferente das Divindades que moram nos espaços do Orùn, regressando ao aye por meio da manifestação, os Ajogun moram no Aye e não no orùn. Isso acontece, pois os Ajogun não conseguiram causar males no mundo dos Deuses. Ou seja, os Ajogun moram no aye, pois aqui, diferente do orùn, eles conseguem espalhar os males de forma indiscriminada.
Os Ajogun estão sempre à espreita, esperando um momento adequado para atuar. Por isso, é muito importante que as pessoas sempre se cuidem, por meio de oferendas, banhos e o que mais for necessário, conforme prescrição do Sacerdote.
Quando algo de ruim surge no mundo, por exemplo, uma nova doença, isso certamente foi motivado por Ajogun, entretanto, quando uma grande descoberta em benefício à sociedade surge, foi motivada pelas forças positivas que sempre prevaleceram, como os Òrìsàs.
Por diversas vezes, já discorremos sobre a importância da realização dos sacríficios prescritos, sobre a importância de não quebrar tabus (Ewó), uma das razões para termos falado bastante sobre esses temas, foi justamente para se entender que essas ações atacam os poderes dos Ajogun.
Quando, por exemplo, uma pessoa quebra um Ewó, ela está ajudando e dando forças ao Ajogun. O mesmo ocorre quando o sacerdote prescreve um sacrifício que é negligenciado, a pessoa está dando forças ao Ajogun.
Nós do Terreiro de Òsùmàrè, esperamos uma vez mais, ter contribuido para o esclarecimento dos temas relacionados a nossa crença.
Texo do Facebook da Casa do Òsùmàrè

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